Madeira: Uma protagonista do design

No mundo do design de interiores, a madeira reina como uma verdadeira obra de arte da natureza, ostentando beleza única e atemporal. Mais do que qualquer outro material ordinário e coadjuvante, a madeira se faz uma protagonista versátil, capaz de se adaptar a qualquer estilo: do clássico ao contemporâneo; do rústico ao minimalista. Esse protagonismo ganha ainda mais força quando posto em frente a objetos, materiais e acabamentos industrialmente padronizados.

Diferente desses clones fabricados em massa, cada peça de madeira possui uma identidade singular, esculpida pelo casamento entre o tempo e a dualidade caos-ordem da natureza. Do bater de asas da borboleta aos ventos das tempestades; da semente à flor, esse caos e ordem moldam e se tornam parte da madeira através dos padrões visuais estampados nela. Enquanto a ordem está presente no padrão anelar do tronco de uma árvore, o caos existe na imprevisibilidade do desenho exato desses anéis. Esses padrões em tons claro-escuro surgem em cada peça de madeira como uma impressão digital única àquele item. Ou seja, cada uma é uma obra de arte exclusiva, moldada pelas mãos caóticas da natureza ao longo de anos (ou até mesmo séculos) como uma auto-assinatura do próprio material e indissociável da obra final esculpida a partir dele.

Além dessa impressão visual intrínseca ao material, a madeira herda do meio natural outra característica que a difere dos supostos equivalentes do mundo industrializado: a ternura ao toque. Essa ternura pode nem sempre estar clara ao usuário desatento (afinal, a boa ergonomia é a que passa despercebida), mas está presente nesse material mesmo quando não observada. Assim, a madeira é uma heroína silenciosa do conforto, lutando contra o toque metálico, frio e rígido, numa noite de inverno, contra o desaconchego do corpo repousado no concreto ou ainda contra a aspereza e dureza da pedra crua nos pés descalços. Essa maciez não é fortuita (afinal, ela é da natureza do que é natural) bem como o uso da madeira como material na arquitetura e no design do objeto não é acidental. Esse uso é fruto orgânico da relação humano-natureza, pois tal relação precede a criação da manufatura enquanto processo humano de transformação do ambiente e seus materiais. Assim, a madeira apenas se reinventa ao longo da história humana e agora reivindica cada vez mais espaço no cotidiano contemporâneo do mundo pós-industrial.

E é nessa reinvenção onde está o pulo do gato. A manipulação da madeira, com as louváveis características próprias dela, faz o material brilhar ainda mais (literal e figurativamente). Ela subverte a racionalidade industrial e se apropria dos métodos transformativos ao invés dos métodos se apropriarem do material. Ela pode ser industrializada em larga escala sem perder personalidade, trabalhada em acabamentos, transformada em elementos estruturais e arquitetônicos de edifícios ou ainda em objetos de escala humana. Tudo isso sem perder protagonismo nas paisagens onde está presente. Fosse uma atriz, teria uma sala cheia de Oscars. Não é, mas certamente ganhou o coração do público (e fez por merecer!). A madeira é a Meryl Streep dos materiais, ou melhor, a Meryl Streep é a madeira das atrizes.


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